quinta-feira, 16 de junho de 2011

Colunista do dia: Date: Fri, 15 Feb 2008 23:02:28 +0000






Chegando na faculdade, depois de enfrentar um dia intenso.
Dia seguinte ao espetáculo da barbárie humana. Ontem eu vi de tudo: quatro meninos voltando
para casa completamente nus; uma mulher apaixonada se afogando em lágrimas e álcool, dissertando sobre como é amar uma pessoa difícil; a tentativa frustada de um ébrio selvagem tentando ganhar a "donzela indefesa"; dois irmãos entrando na porrada no meio de uma rua movimentada por carros e ônibus, alternando entre socos e tapas na cara de uma menina que estava com eles; de outro lado, a bravura dos "homens fortes" quando o assunto é defesa de uma dama; ameaças de morte e tentativas de esbofeteamento só porque alguém falava ao telefone, e um telefone indefeso voando feito um pássaro só porque era ele quem fazia a transmissão.
Uma viajem ao subúrbio carioca e você não precisará viver cinquenta anos para sair por aí com cara de "o experiente". O centro de Campo Grande, de madrugada, é o palco do espetáculo de improviso mais trash já assistido, onde os atos são classificados por grau de bizarrismo sexual. Todos podem participar, desde que sigam as regras: ser fétido, pervertido, bêbado, usar maquiagens gritantes e borradas, usar roupas insinuantes e o mais importante: fumar cigarros Derby.

O centro do Rio também não é muito diferente, mas ele se destaca pelo seu cenário nostálgico. Os atos são parecidos, mas o cenário é diferente. Lá a gente encontra catedrais, prédios históricos, avenidas enormes e becos, muitos becos. Um dois mais conhecidos fica ali atrás do IFCS e se chama Beco das Putas. Viram como as coisas por lá são mais organizadas. O nome classifica o ambiente. Lá você não se engana.
A sexta-feira no centro do Rio é a peça que já bateu recordes de bilheteria. Nesse espetáculo você se surpreende, a princípio, com o bom gosto do cenógrafo: um misto de exuberância  colorimétrica e sensibilidade plástica.
Na sexta-feira os atores não se distinguem em seus papeis habituais. São todos bons bebedores. A protagonista é nada mais nada menos do que a premiadíssima cerveja. Não há ninguém melhor, simplesmente ela é hors concours. Há ainda a coadjuvante, que não fica muito atrás: a vodka.

Não posso esquecer da sonoplastia: Forró, Pagode e como não poderia deixar de ser, o célebre, o insubstituível Funk. É nesse momento em que os corpos se unem. Em movimentos voluptuosos, eles se abraçam, se beijam, se apertam como se ninguém os vissem. É a libertação da alma, do desejo, da luxúria. Os beijos são umedecidos pelos suor dos corpos. Todos parecem sofrer de anosmia. Não importa quando foi o último banho, a última escovada de dentes: É sexta-feira!

E tem gente que diz não gosta de teatro. Não há nada mais fascinante. É o único lugar em que o belo e feio, o rico e o pobre, a Brahma e a Antártica, o bom gosto e a insensatez, o clássico e o absurdo atuam harmoniosamente.


Aninha  

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