terça-feira, 24 de novembro de 2015



"Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim
"

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Suicídio é questão de respeito a alma




Consertar os afetos é não deixar mais se afetar.
Nós somos uma instância de luta e de proteção da própria potência
O suicídio é uma forma muito particular de legítima defesa da representação de si.
É a forma de proteger a qualquer preço a fonte mais sincera de todas as nossas alegrias.

No afã de proteger aquilo que eu sempre acreditei ser
No afã de proteger aquilo que você sempre acreditou que eu sou
No afã de proteger o eu simbólico e a definição que sempre dei de mim
Eu mato o corpo que desmente a minha definição

Esse corpo que me faz desejar o que não está previsto
Esse corpo que me faz amar o que não está previsto
Esse corpo que me faz deixar de amar o que não está previsto
E é por isso que eu, entre ter que enfrentar uma redefinição falsa de mim, social e pessoal,
Eu prefiro matar o corpo.

Ao nos aproximarmos da morte, perdem-se todas as esperanças. Nesse momento temos a mais clara percepção de que devemos viver de acordo com as nossas próprias convicções pois já não importa mais. E vivemos a vida como ela é.
Neste momento nos tornamos insuportavelmente arrogantes e intolerantes por que aquele instante não há de voltar, então, não teremos do que nos arrepender.



Em nenhum lugar encontro paz
Estou sempre em conflito comigo
Sento-me
Deito-me
Tudo está em meus pensamentos. (BENJAMIN, 1984, p.161).

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Sintaxe

da decadência doce em se fingir de forte
do forte bélico eu fui aspira
invadiu meus sonhos para confundir minha dor
me atordoou.

eu vi os demônios da enganação
eles vestiam branco
e juravam lealdade a deus
com as mãos cravadas
estancavam o sangue
enquanto doavam migalhas
aos que tinham fome

eu vi
foi tarde da noite
o céu girava em desatino
tambores e violinos anunciavam o grande dia
o alvorecer dos desgraçados
a grande marcha da desolação

meu sangue vinha do parto
dos órfãos da cidade adoecida
enquanto eu tentava entender o porquê
o espírito santo me soltou as mãos
e caí eternamente em um penhasco de loucura

o vento como tempestade
invadiu meu peito
e sem rejeito vi minha alma pálida
quis respirar e não houve espasmo
quis beber e não houve sede
quis gritar e já não havia dor

era o vácuo agora maestro
regendo um coro tímido
de grave tilintar
ti-rim, ti-rim, lará, lará

e há quem veja compasso
nesse gélido grito rouco
que somente os fracos hão de ouvir
como no desesperado apelo de Rimbaud
eu peço piedade, eu peço perdão por mim

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada

É assim como uma fisgada
No membro que já perdi"

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Energia em Trânsito

Tudo que concentra grande energia emite zumbidos.
Já reparou que a sonolência costuma tirar o sono?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Infidelidade






eu não posso decidir sobre sua cor preferida
eu não posso impedir de ter novos filhos
eu não posso negar meus novos irmãos
eu não posso supor que não serás feliz de novo
eu não posso lhe obrigar a ser só meu amigo
eu não posso dizer que não deves ir
eu não posso legislar sobre as suas escolhas

nem eu, nem ninguém

eu sou produto de mim
e só posso ser fiel aos meus próprios sentimentos
o resto é infidelidade



domingo, 8 de fevereiro de 2015

Lume de Estrelas



"Diga depressa com quantas paixões
Faz-se a canoa
Do amor que a gente quer
E quando eu não voltar
Acenda o mesmo lume de estrelas
Que eu deixei no teu olhar”
 
(Oswaldo Montegro)

Eu te amo






A minha vontade é de rasgar meu peito
e tirar tudo o que for teu,
tudo o que me desgasta,
tudo o que me espeta.
A minha vontade é fazer uma bolinha chula
com a nossa história
e jogá-la no lixo,
para que ninguém nunca mais
se emocione com uma mentira.
A minha vontade é morrer para você,
deixar de existir no breve espaço da tua consciência.
Mas a verdade é que quanto mais eu luto
para me soltar das correntes, mais acorrentada estou,
como se todos os meus esforços para me afastar
fossem inúteis diante do aço do qual
é feito esse amor que prende.
A minha vontade, é virar as costas e ir embora,
mas sem outra opção eu fico e tento sorrir.

Efêmera Capitu