terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Quem se importa





E você diz
Olha que lindas as rosas
Quando eu digo acorda
Quem se importa

[...]

Olha o raiar da aurora
Quem dormir agora
Vai perder a hora
De ver o sol nascer

Portas Abertas

Você por aqui, Calipso?
Chegue mais perto. 
Cuidado com as pedras. 
Este meu mundo é um grande pântano.
Use galochas resistentes se quiser atravessá-lo intacta.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Que eu sei a vagabunda que eu sou


♪ ♫ ♩ 

"Nós duas somos apenas figuração
No canto da mesma cena de um filme de ação
Correndo discretamente na mesma explosão
Nós duas somos efeito colateral
De um acidente de trem proposital
Que não matou ninguém, mas foi quase fatal
Então por que cê não vem?

Toma um chopp comigo, vagabunda
Que eu sei a vagabunda que eu sou
Repara que conexão profunda
De ter compartilhado um mesmo amor"  

♬ ♭

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A realidade bateu à porta


Não foi por desrespeito à ela, nem à eles
A vida levantou-se de sua cadeira macia,
colocou-me o dedo na cara
e pediu renúncia.

Eu não poderia renunciar.

A única coisa que tenho nessa vida
são as caminhadas noturnas e as reflexões na cozinha
Esses poucos momentos de solidão
Construíram a maior parte daquilo que sou
E não estou só por querer parecer interessante
Estou só por que fui abandonada por todos

Fizeram falta, mas eu não desisti.
Segui em frente. Sozinha.

Quando apresento o resultado de todos os pensamentos incontestados
Dos delírios desconhecidos
Das vontades e desejos que saltavam de mim
como se quisessem me obrigar a enxergá-los, senti-los.
A moral, a fraqueza, o apego e toda leva de pequenices domésticas
Vieram me exigir explicações.
Vieram perguntar onde foi que coloquei a decência.

Pois saibam que eu não explicarei.
Terão de me escalar para ver por uma janela ou outra.
Se quiserem entender qualquer coisa que venha de mim.
Terão de se esforçar. Terão de deixar sangrar.
Terão o mais difícil do meu linguajar.
As percepções serão propositalmente sem coerência.
Emoções profanas.
Desejos proibidos.
Tudo com doses cavalares de verdades.
Verdades de mim.

Meu mundo é de pintar, mas não preciso de pinceis.
Eu pinto com as mãos, com lágrimas, risos e delírios.