quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
A realidade bateu à porta
Não foi por desrespeito à ela, nem à eles
A vida levantou-se de sua cadeira macia,
colocou-me o dedo na cara
e pediu renúncia.
Eu não poderia renunciar.
A única coisa que tenho nessa vida
são as caminhadas noturnas e as reflexões na cozinha
Esses poucos momentos de solidão
Construíram a maior parte daquilo que sou
E não estou só por querer parecer interessante
Estou só por que fui abandonada por todos
Fizeram falta, mas eu não desisti.
Segui em frente. Sozinha.
Quando apresento o resultado de todos os pensamentos incontestados
Dos delírios desconhecidos
Das vontades e desejos que saltavam de mim
como se quisessem me obrigar a enxergá-los, senti-los.
A moral, a fraqueza, o apego e toda leva de pequenices domésticas
Vieram me exigir explicações.
Vieram perguntar onde foi que coloquei a decência.
Pois saibam que eu não explicarei.
Terão de me escalar para ver por uma janela ou outra.
Se quiserem entender qualquer coisa que venha de mim.
Terão de se esforçar. Terão de deixar sangrar.
Terão o mais difícil do meu linguajar.
As percepções serão propositalmente sem coerência.
Emoções profanas.
Desejos proibidos.
Tudo com doses cavalares de verdades.
Verdades de mim.
Meu mundo é de pintar, mas não preciso de pinceis.
Eu pinto com as mãos, com lágrimas, risos e delírios.
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