terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Quem se importa





E você diz
Olha que lindas as rosas
Quando eu digo acorda
Quem se importa

[...]

Olha o raiar da aurora
Quem dormir agora
Vai perder a hora
De ver o sol nascer

Portas Abertas

Você por aqui, Calipso?
Chegue mais perto. 
Cuidado com as pedras. 
Este meu mundo é um grande pântano.
Use galochas resistentes se quiser atravessá-lo intacta.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Que eu sei a vagabunda que eu sou


♪ ♫ ♩ 

"Nós duas somos apenas figuração
No canto da mesma cena de um filme de ação
Correndo discretamente na mesma explosão
Nós duas somos efeito colateral
De um acidente de trem proposital
Que não matou ninguém, mas foi quase fatal
Então por que cê não vem?

Toma um chopp comigo, vagabunda
Que eu sei a vagabunda que eu sou
Repara que conexão profunda
De ter compartilhado um mesmo amor"  

♬ ♭

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A realidade bateu à porta


Não foi por desrespeito à ela, nem à eles
A vida levantou-se de sua cadeira macia,
colocou-me o dedo na cara
e pediu renúncia.

Eu não poderia renunciar.

A única coisa que tenho nessa vida
são as caminhadas noturnas e as reflexões na cozinha
Esses poucos momentos de solidão
Construíram a maior parte daquilo que sou
E não estou só por querer parecer interessante
Estou só por que fui abandonada por todos

Fizeram falta, mas eu não desisti.
Segui em frente. Sozinha.

Quando apresento o resultado de todos os pensamentos incontestados
Dos delírios desconhecidos
Das vontades e desejos que saltavam de mim
como se quisessem me obrigar a enxergá-los, senti-los.
A moral, a fraqueza, o apego e toda leva de pequenices domésticas
Vieram me exigir explicações.
Vieram perguntar onde foi que coloquei a decência.

Pois saibam que eu não explicarei.
Terão de me escalar para ver por uma janela ou outra.
Se quiserem entender qualquer coisa que venha de mim.
Terão de se esforçar. Terão de deixar sangrar.
Terão o mais difícil do meu linguajar.
As percepções serão propositalmente sem coerência.
Emoções profanas.
Desejos proibidos.
Tudo com doses cavalares de verdades.
Verdades de mim.

Meu mundo é de pintar, mas não preciso de pinceis.
Eu pinto com as mãos, com lágrimas, risos e delírios.



quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Esquerda ou Direita - Quem é o conservador e o subversivo

O dominado é subversivo
O dominante, conservador
O dominante quer que o mundo fique do jeito que está, pois é o melhor jeito possível de ser (em sua visão)
O dominante adota a estratégia de conservação (do poder, claro)
O dominado adota a estratégia da subversão pois encontra neste recurso o único meio de sacudir as estruturas que o domina.
Se por um acaso o dominado tomar o poder, a ideia supracitada continua valendo. Apenas os papéis mudam.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sobre nossa passagem pela terra e dos amores que precisamos cuidar



A morte chegou veloz. Poucas semanas depois de ter sido diagnosticada com leucemia, Marianne Ihlen faleceu no hospital Diakonhjemmets, em Oslo. Marianne, que tinha 81 anos, havia sido imortalizada pelo músico, poeta e escritor Leonardo Cohen em So Long, Marianne.


Conheceram-se em Hidra, no Mar Egeu. Marianne era a esposa do escritor norueguês Axel Jensen, com quem teve um filho. Na ilha havia uma pequena comunidade internacional de artistas e boêmios, que agradeciam a tolerância dos nativos e se beneficiavam do baixo custo da moradia e alimentos.

Em algum momento, Axel conheceu outra pessoa e Marianne ficou sozinha. Segundo a lenda, estava chorando em um mercado do porto de Hidra quando um desconhecido sentiu pena, convidando-a para se juntar aos seus amigos. Era Leonard Cohen, e começava um caso de amor apaixonado, que duraria, com altos e baixos, sete anos. É verdade que há uma outra versão dessa história: que o norueguês se envolveu com Lena, a então namorada de Cohen, mas preferimos que essa história não seja uma simples comédia de troca de parceiros, certo?

De qualquer forma, Marianne chegou à vida do canadense em um momento crucial. Como Cohen explicou graficamente, foi só chegar a Hidra, tomar banho de sol e sentir que todo o frio de Montreal acumulado em seus ossos se derretia. O modo de vida na ilha era rústico: muitas casas não tinham eletricidade ou água corrente; na verdade, a chegada do cabo de telefone foi comemorada com Bird On The Wire. Mas ali estava Cohen para cuidar de Marianne e do filho dela, Axel. Um Cohen de alta fertilidade literária — dedicaria sua coleção Flowers for Hitler para Marianne — e que começava a compor canções, estimulado pelo que escutava em uma emissora das Forças Armadas dos EUA. Os cantores do Greenwich Village, de Nova York, estavam liderando uma revolução estética e, embora houvesse chegado tarde, Cohen queria se juntar às fileiras. Nesses momentos de mudança e incertezas, Marianne lhe deu total apoio.

Leonard e Marianne alternaram Hidra com estadias em Montreal e Nova York. O artista era, como se sabe, um mulherengo que não abria mão dos rostos bonitos que cruzavam o seu caminho. A relação foi azedando, embora os dois tentassem remediar isso: em sua forma original, So Long, Marianne era Come On, Marianne, um convite para voltar a seduzi-lo. Não estamos sendo indiscretos: 40 anos depois, uma radialista norueguesa, Kari Hesthamar, conversou com o casal e o contou tudo em So Long, Marianne – Ei Kjaerleikshistorie (Adeus, Marianne –Uma História de Amor; o livro foi traduzido para o inglês em 2014).



Além disso, o cineasta norueguês Jan Christian Mollestad convenceu Marianne a rodar um documentário sobre suas vivências. Foi Mollestad quem informou a Leonard Cohen que Marianne estava internada e com o pior dos prognósticos. O cantor e compositor respondeu imediatamente e, segundo Mollestad, esta é a essência da sua mensagem:

Bem, Marianne, chegamos a esta época em que somos tão velhos que nossos corpos caem aos pedaços; acho que a seguirei muito em breve. Saiba que estou tão perto de você que, se estender sua mão, acredito que poderá tocar a minha. Você bem sabe que sempre a amei por sua beleza e sua sabedoria, mas não preciso me estender sobre isso, já que você sabe tudo. Só quero lhe desejar uma boa viagem. Adeus, velha amiga. Todo o amor, a verei pelo caminho.

Segundo Mollestad, Marianne estava consciente quando ele leu a carta, e estendeu a mão. Nos últimos momentos, o cineasta cantarolou Bird on the Wire e se despediu com um “So long, Marianne.” O destino de Marianne foi típico das musas: um amor que marca toda a sua biografia.

A CARTA QUE DEU A NOTÍCIA
Jan Christian Mollestad informou a Cohen sobre a morte de Ihlen com esta carta:

“Caro Leonard,

Marianne caiu muito lentamente em um sono que a tirou desta vida ontem à noite. Em total tranquilidade, cercada por amigos próximos.

Sua carta chegou quando ainda podia falar e rir com completa consciência. Quando a lemos em voz alta, sorriu do jeito que só Marianne sorria. Levantou a mão quando você mencionou que estava bem atrás dela, tão perto que a poderia alcançar.

Causou-lhe uma profunda tranquilidade saber que você estava ciente do estado dela. E sua bênção para a viagem dela lhe deu uma força adicional. Jan e seus amigos, que viram o que esta mensagem significou para ela, lhe agradecerão profundamente por responder tão rapidamente e com tanto amor e compaixão.

Durante sua última hora, tomei sua mão e cantarolei Bird on a Wire, enquanto ela respirava muito ligeiramente. E, quando deixamos o quarto, depois que sua alma voou pela janela em busca de novas aventuras, beijamos seu rosto e sussurramos suas eternas palavras:

So long, Marianne."


El País

Sobre nossa passagem pela terra e dos amores que precisamos cuidar



A morte chegou veloz. Poucas semanas depois de ter sido diagnosticada com leucemia, Marianne Ihlen faleceu no hospital Diakonhjemmets, em Oslo. Marianne, que tinha 81 anos, havia sido imortalizada pelo músico, poeta e escritor Leonardo Cohen em So Long, Marianne.


Conheceram-se em Hidra, no Mar Egeu. Marianne era a esposa do escritor norueguês Axel Jensen, com quem teve um filho. Na ilha havia uma pequena comunidade internacional de artistas e boêmios, que agradeciam a tolerância dos nativos e se beneficiavam do baixo custo da moradia e alimentos.

Em algum momento, Axel conheceu outra pessoa e Marianne ficou sozinha. Segundo a lenda, estava chorando em um mercado do porto de Hidra quando um desconhecido sentiu pena, convidando-a para se juntar aos seus amigos. Era Leonard Cohen, e começava um caso de amor apaixonado, que duraria, com altos e baixos, sete anos. É verdade que há uma outra versão dessa história: que o norueguês se envolveu com Lena, a então namorada de Cohen, mas preferimos que essa história não seja uma simples comédia de troca de parceiros, certo?

De qualquer forma, Marianne chegou à vida do canadense em um momento crucial. Como Cohen explicou graficamente, foi só chegar a Hidra, tomar banho de sol e sentir que todo o frio de Montreal acumulado em seus ossos se derretia. O modo de vida na ilha era rústico: muitas casas não tinham eletricidade ou água corrente; na verdade, a chegada do cabo de telefone foi comemorada com Bird On The Wire. Mas ali estava Cohen para cuidar de Marianne e do filho dela, Axel. Um Cohen de alta fertilidade literária — dedicaria sua coleção Flowers for Hitler para Marianne — e que começava a compor canções, estimulado pelo que escutava em uma emissora das Forças Armadas dos EUA. Os cantores do Greenwich Village, de Nova York, estavam liderando uma revolução estética e, embora houvesse chegado tarde, Cohen queria se juntar às fileiras. Nesses momentos de mudança e incertezas, Marianne lhe deu total apoio.

Leonard e Marianne alternaram Hidra com estadias em Montreal e Nova York. O artista era, como se sabe, um mulherengo que não abria mão dos rostos bonitos que cruzavam o seu caminho. A relação foi azedando, embora os dois tentassem remediar isso: em sua forma original, So Long, Marianne era Come On, Marianne, um convite para voltar a seduzi-lo. Não estamos sendo indiscretos: 40 anos depois, uma radialista norueguesa, Kari Hesthamar, conversou com o casal e o contou tudo em So Long, Marianne – Ei Kjaerleikshistorie (Adeus, Marianne –Uma História de Amor; o livro foi traduzido para o inglês em 2014).



Além disso, o cineasta norueguês Jan Christian Mollestad convenceu Marianne a rodar um documentário sobre suas vivências. Foi Mollestad quem informou a Leonard Cohen que Marianne estava internada e com o pior dos prognósticos. O cantor e compositor respondeu imediatamente e, segundo Mollestad, esta é a essência da sua mensagem:

“Bem, Marianne, chegamos a esta época em que somos tão velhos que nossos corpos caem aos pedaços; acho que a seguirei muito em breve. Saiba que estou tão perto de você que, se estender sua mão, acredito que poderá tocar a minha. Você bem sabe que sempre a amei por sua beleza e sua sabedoria, mas não preciso me estender sobre isso, já que você sabe tudo. Só quero lhe desejar uma boa viagem. Adeus, velha amiga. Todo o amor, a verei pelo caminho.”

Segundo Mollestad, Marianne estava consciente quando ele leu a carta, e estendeu a mão. Nos últimos momentos, o cineasta cantarolou Bird on the Wire e se despediu com um “So long, Marianne.” O destino de Marianne foi típico das musas: um amor que marca toda a sua biografia.

A CARTA QUE DEU A NOTÍCIA
Jan Christian Mollestad informou a Cohen sobre a morte de Ihlen com esta carta:

“Caro Leonard,

Marianne caiu muito lentamente em um sono que a tirou desta vida ontem à noite. Em total tranquilidade, cercada por amigos próximos.

Sua carta chegou quando ainda podia falar e rir com completa consciência. Quando a lemos em voz alta, sorriu do jeito que só Marianne sorria. Levantou a mão quando você mencionou que estava bem atrás dela, tão perto que a poderia alcançar.

Causou-lhe uma profunda tranquilidade saber que você estava ciente do estado dela. E sua bênção para a viagem dela lhe deu uma força adicional. Jan e seus amigos, que viram o que esta mensagem significou para ela, lhe agradecerão profundamente por responder tão rapidamente e com tanto amor e compaixão.

Durante sua última hora, tomei sua mão e cantarolei Bird on a Wire, enquanto ela respirava muito ligeiramente. E, quando deixamos o quarto, depois que sua alma voou pela janela em busca de novas aventuras, beijamos seu rosto e sussurramos suas eternas palavras:

So long, Marianne."


El País

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O rubro da primavera


Foi no dia 10/11/2016 a primeira vez
seu desânimo me animou
e quis ver o que poderia não existir
deve ser as tais fantasias das terças-feiras

domingo, 30 de outubro de 2016

Ao Rio com Amor

O livre pensamento é o que há de mais valioso no homem.
Somos animais racionais e utilizamos o cérebro para produzir,
compreender, interpretar, codificar, decodificar ideias.
A literatura, a música, o teatro são ferramentas pela qual
externalizamos a grandeza de sermos alma.
A matemática, a astronomia, a química, a tecnologia
são produtos das percepções do espírito.
A dança, a natação, o alpinismo, o futebol, a capoeira
são expressões das capacidades do corpo.
Somos infinitos, mas é preciso conquistar o infinito.
E para expandir a mente é preciso estar livre.
Deixar voar, ficar leve, "derramar no céu [...], evaporar".
Pensar com propriedade sobre a experiência da terra.
Ter curiosidade e perseverança na investigação do mundo.
Por que sociedade? Por que sentimentais? Por que gentileza?
Por que respeitar? Por que assumir? Por que liberdade? Por que guerra? Por que Papa?
Por que Deus? Por que Diabo? Por que amar o próximo? Por que abandonar? Por que justiça?
Por que prender? Por que soltar? Por que Constituição? Por que religião? Por que ciência?
Por que consciência? Por que evoluir? Evolução.

Esse senhor Crivella é um algoz e não quer libertar nossa gente.
Não quer que sejam críticos e autônomos. Ele quer servos. Quer rebanho.

É uma covardia o que estão fazendo com o nosso povo.
Temos tanta coisa ainda para conhecer e reconhecer que não temos tempo para retrocessos.
O Mar invadiu o Leblon ontem de madrugada. Mais um indício de precisamos nos apressar.

Crivella, "Apesar de você amanhã há de ser outro dia". E... apesar de sentir assim, desejo que faça um bom governo.

Precisamos de um bom governo.

Ao Rio com Amor

O livre pensamento é o que há de mais valioso no homem.
Somos animais racionais e utilizamos o cérebro para produzir,
compreender, interpretar, codificar, decodificar ideias.
A literatura, a música, o teatro são ferramentas pela qual
externalizamos a grandeza de sermos alma.
A matemática, a astronomia, a química, a tecnologia
são produtos das percepções do espírito.
A dança, a natação, o alpinismo, o futebol, a capoeira
são expressões das capacidades do corpo.
Somos infinitos, mas é preciso conquistar o infinito.
E para expandir a mente é preciso estar livre.
Deixar voar, ficar leve, "derramar no céu [...], evaporar".
Pensar com propriedade sobre a experiência da terra.
Ter curiosidade e perseverança na investigação do mundo.
Por que sociedade? Por que sentimentais? Por que gentileza?
Por que respeitar? Por que assumir? Por que liberdade? Por que guerra? Por que Papa?
Por que Deus? Por que Diabo? Por que amar o próximo? Por que abandonar? Por que justiça?
Por que prender? Por que soltar? Por que Constituição? Por que religião? Por que ciência?
Por que consciência? Por que evoluir? Evolução.

Esse senhor Crivella é um algoz e não quer libertar nossa gente.
Não quer que sejam críticos e autônomos. Ele quer servos. Quer rebanho.

É uma covardia o que estão fazendo com o nosso povo.
Temos tanta coisa ainda para conhecer e reconhecer que não temos tempo para retrocessos.
O Mar invadiu o Leblon ontem de madrugada. Mais um indício de precisamos nos apressar.

Crivella, "Apesar de você amanhã há de ser outro dia". Apesar de sentir assim, desejo que faça um bom governo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Meu novo lar

ela me falou esse tempo todo
dar dor de sentir errada
e por várias vezes me pediu que não a reprimisse
mas eu não via, estava cega, surda
mesmo agora a incerteza vem me atacar
eu precisando estar certa do que vai acontecer
eu sempre preciso saber
ela foi meu anjo da guarda
me deu o que beber
me deu remedios e hospitais
semana adentro
me deu comida, amor, carinho
foi apenas minha mãe
e queria ser apenas minha mulher
com tanta coisa pra se preocupar
achei menos importante
todos os desejos, todos os carinhos
todos os beijos sem sabor
sem alcool
e de repente viu um outro sonho se aproximar
ser mãe, ser mulher de alguém
então ela pulou
pulou atrás de mais amor, mais honestidade
menos paranoias, mais beijos, mais abraços
ahh os abraços, foram tantos
eu fingia não gostar, mas era meu cobertor
eu sempre durmo com cobertas, mesmo no calor
eu sempre uso blusas de manga longa
por que eu gosto de abraços
mas e ela?
ela me deu uma nova chance
eu nem sei se é real, mas vou fingir que sim
quero não mais reprimir
eu quero mais amor, mais honestidade
com tantos erros, ser honesta assusta
eu quero mais familia, mais tios e avós
continuo querendo uma vida melhor
acho que isso não vai parar, mas deveria rs
eu quero mais mãe, mais amiga, mais mulher,
mais dele, mais do nosso
meu filho já é imortal,
é o todo de mim
meu principe pra cuidar, meu anjo pra abraçar
minha nova meta..rs
meu novo lar

Vai ver

minha mente sambando
fica claro que tudo é infinito
depois do fim dos desejos
as necessidades superiores
e lá vem o desejo divino
lá se vai o desejo humano
mas, veja, o desejo mesmo
não foi pra lugar algum

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Desabafo a minha loucura

Ela me abandonou de novo
Mandou reclamar com deus
Me chamou de burra e egoísta        
Falou que no inferno há lugar pra mim
                       
Faz tempo desci ao inferno
Fantasmas, amores, uma obrigação de dar certo,
meus pais, meus irmãos, meus amigos.
Que medo de perder a todos.
Por isso abandonei antes. Como sempre faço. Observar à distância.
Meu orgulho exige.
Meu peito grita alto: - Você não é idiota. Eles estão debochando de você. E, claro, com maus ouvidos, você corre.
Para longe. Longe da dor de ser usada,
longe da dor de amá-los,
longe do medo de perdê-los.

Sobe pras montanhas.
Lê Nietzsche e o escambal.
Sorri na primeira frase de impacto.
Você evoluiu de novo - Grita o ego inflamado.
Que máximo! Agora você sai para contar à todo mundo.
Vai cuspir na face dos desgraçados que não entendem o quanto você é divina,
iluminada,
como você sofre por isso,
que digno,
quanta nobreza!

Mas quando a loucura pede olhos atentos, você sorrir.
Não sabe bem o que dizer.
Você não sabe o que dizer.
Dentes amarelos, a vergonha em óleo sobre tela.

É péssima se comunicando, mas fica toda prosa quando os gurus da comunicação dizem que fala bem.
Os gurus também são por sua conta.
Você é uma idiota e vc sabe disso.
No fundo é alguém que não entende de amor.
Isso, mais um gole.
Vai fundo. Vai pro fundo. Vai ver o inferno.

Eu tenho um bar novo. Vi esses dias.
Hoje é Terça feira, pode estar fechado.
Cara... e a puta pedindo pra baixar o vidro?
Cara... que louco.
Acho que ela se viu puta e foi embora.
Ela não fala com clareza e isso me irrita,
mas eu faço o mesmo.

Eu morro de forma estranha.
Eu sempre aceito morrer.
Talvez por isso já esteja no inferno.
Eu não sabia o que dizer, mas dei meu show desesperado.
Apesar de acreditar muito neste meu desespero,
eu acho que sempre é desespero.

Nãooo.. eu só me desespero no desespero.
E isso é muito assustador.
Pra mim e para o outro.

A vida tem um jeito implicante.
Bate-me com mais frequência.
Leve, mas recorrente.
Por isso não gosto de tapinhas, apesar de ser imune a eles.
Já tomo bastante tapa da vida.
Acho que subestimei o desafio sabendo que as chances de serem difíceis eram gritantes.
Não sei. Melhor não saber. Não agora.

Enquanto eu grito, eu choro, eu filosofo, eu tento entender.
Mas confesso que estou me valendo numa posição confortável.
- Você só tem uma concorrente que não concorre com você.
- Concorre sim!
- Ela foi embora de novo.
- Você abriu os portões. Foi pedante e covarde. Você implorou atenção.
- Eu implorei no momento que entendi. Mas elas não quis saber. Nunca quer.

Deixa ela ir.
Pode ser melhor.
Não sei ainda o que é.
Pode ser o pior: é tão bom e tão ruim.

Preciso me controlar.
Meu coração está pedindo paz, meu coração está perdido.
Não temos essas habilidades.
A gente transa no papai-mamãe.
É uma delicia.
Cabelos no meu rosto.
Cheiro de mulher.
Eu gosto muito de mulher, mas não entendo nada nelas.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Oh pedaço de mim

As profundezas de mim
o escuro lago verde
cheio de algas e lodo
borbulhou

no espelho da desgraça
deus se manifestou
pude sentir o odor fétido
de toda a sua arrogância

lá vem o ar frio desta imensa solidão

meu corpo vibrava
gerando ondas densas
de sentimentos sem nomes
de crises sem amor

ele se apossou de mim
tirou as rédeas
da minha propria vontade
ele fez casa nos meus braços

eu estou embriagada de abandono

o amor, tão desordeiro
não quis poupar
o amor, esse vilão
roubou-me de mim

fez corda e violão
fez sanfona, acordeão
a angústia e a esperança
sufocando-me astutamente

domingo, 24 de abril de 2016

Entrevista com a escritora Marília de Camargo César, autora do livro "Entre a Cruz e o Arco-iris"

O teólogo Justino Mártir (100-165) dizia que uma das marcas da igreja cristã primitiva era o fato de os santos terem passado a “conviver com outros povos” com os quais antes não conviviam “por causa de seus costumes diferentes”. Ou seja, segundo ele, a mensagem de Jesus mudou sua maneira de relacionarem-se com os diferentes. O senhor enxerga esse mesmo espírito em seus discurso acerca dos ativistas homossexuais? Em caso negativo, como o senhor justifica essa aparente diferença de postura entre Justino Mártir e Silas Malafaia?
Pelo que entendo, boa parte do seu discurso contra a PL122 baseia-se no que ela fere dos direitos dos cristãos. Biblicamente, o cristão teria outro direito além de servir o próximo e ser, como diria Charles Spurgeon, “a bigorna do mundo”?
Os evangelhos mostram Jesus amoroso e misericordioso com os marginalizados e pecadores. O episódio da casa de Levi, por exemplo, mostra-o comendo e bebendo com prostitutas e alcoólatras. Os únicos registros da Bíblia de Jesus desqualificando e confrontando publicamente eram dirigidos aos líderes religiosos (“sepulcros caiados”, “raça de víboras”, “cegos que guiam cegos” etc.). O senhor, nos últimos anos, tem feito aparições públicas ao lado de líderes religiosos muito controvertidos no meio protestante, alguns com complicações até na justiça comum (Sônia e Estevam Hernandes, Morris Cerullo). Por outro lado, em seu debate sobre homossexualidade, já chamou ativistas gays de “parasitas”, uma premiada jornalista de “vagabunda”, políticos de “idiota”, “frouxo” e “bandido”. Como o senhor harmoniza esses comportamentos aparentemente opostos entre Jesus Cristo e um de seus representantes brasileiros mais expostos na mídia?
O apóstolo Paulo, em Romanos 1, afirma que a homossexualidade é decorrência do fato de os homens não terem rendido graças devidas a Deus e terem, como efeito, glorificado a imagens feitas à semelhança do homem. Gostaria de fazer duas perguntas ao senhor: a) digamos que os cristãos consigam proibir legalmente não apenas o casamento, mas toda relação ou manifestação homossexual em todos os países do mundo. O senhor acha que isso reverteria em glória para Deus? b) o senhor afirmaria que a sua luta contra o comportamento homossexual equipara-se em tempo e energia à sua luta contra outras “disposições mentais reprováveis” citadas por Paulo no texto, como a ganância, a injustiça, a rivalidade e a arrogância? Em caso negativo, porque a preferência por um assunto que, se entendo bem, é apenas uma entre várias manifestações de um mal maior (o rompimento do homem com Deus)?
Entre a Cruz e o Arco-Íris

4 Perguntas sem Respostas, por Malafaia